FOLHAS AVULSAS - POEMAS 1. Pega o negro fujão

 Neste espaço, compartilharemos alguns textos recentes e outros mais antigos, que fazem parte de um conjunto maior de criação literária. 

O primeiro poema que iremos compartilhar com os amigos e amigas, "Pega o negro fujão", foi publicado, no ano de 2019, (página 255),  em uma coletânea luso-brasileira, intitulada "Liberdade" pela Chiado, Editora. 

Aproveito a oportunidade para enriquecer esta publicação, de hoje, com a interpretação do texto, em vídeo e disponibilizada em nosso canal no youtube. 

Deixo um convite para conhecerem nosso canal e deixarem nesta postagem a sua opinião. 

Obrigado.


PEGA O NEGRO FUJÃO

Ele correu,

embrenhando-se entre as sombras

e desapareceu na noite.

Pega o negro fujão,

que vive nas periferias da história,

nas cozinhas da Casa Grande,

dormindo nas senzalas

disfarçadas de esmolas do sistema,

comendo ração ofertada por um governo canalha.

Pega, pega o negro fujão,

apaga ele da memória!

Manda espancar,

Matar, enterrar,

Manda!

Capitão, do mato, do lado, no Planalto Central.

O açoite soa como metáfora

do castigo merecido!

Maldito, não dito.

Pega o negro fujão,

Que aprendeu a ter voz;

Que aprendeu a lutar;

Que aprendeu a gritar;

Que aprendeu a ser gente.

E virou semente para florescer nas consciências

negras, amarelas, pardas ou brancas.

De todas as cores,

De todos os tempos.

Viva Marielle,

Para sempre!






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